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Guia para o Corpo de Engenheiros da Marinha

Parte 1: Histórico do Corpo de Engenheiros da Marinha

(extraído do BOLETIM DE ORDENS E NOTÍCIAS ESPECIAL Nº 366 DE 13 DE ABRIL DE 2020

DA DIRETORIA DE ENGENHARIA NAVAL)

MARINHA DO BRASIL DIRETORIA DE COMUNICAÇÕES E TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO DA MARINHA BOLETIM DE ORDENS E NOTÍCIAS Nº 366 DE 13 DE ABRIL DE 2020 BONO ESPECIAL GERAL DIRETORIA DE ENGENHARIA NAVAL Mar - 022 Rio de Janeiro, RJ, 10 de abril de 2020. ORDEM DO DIA Nº 1/2020

Assunto: 130° Aniversário do Corpo de Engenheiros da Marinha O lançamento da Nau São Sebastião, no Arsenal de Marinha em 1767 é considerado o marco inicial da Engenharia Naval no Brasil. Ao longo da segunda metade do século XVIII e durante o século XIX, a Marinha Imperial do Brasil empreendeu grande esforço na instalação e desenvolvimento de alguns arsenais, com destaque para o Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro, fundado em 1763, onde foram construídos até o ano de 1890, 46 navios. Um período marcado por profundas mudanças tecnológicas decorrentes da Revolução Industrial, investimentos em instalações industriais e na capacitação do pessoal resultaram em grandes realizações, tais como: a prontificação de nosso primeiro navio a vapor, a Barca Tétis,em abril de 1843; o primeiro navio a hélice, a Canhoneira Ipiranga em setembro de 1854 e seis Monitores Encouraçados Classe Pará, entre maio de 1867 e maio de 1868, parcela dos quais teve participação decisiva no apoio logístico às tropas do Exército Brasileiro e na tomada de Assunção, após a épica passagem de Humaitá, no período da Guerra do Paraguai. Oficiais e civis especializados foram designados para cursar Engenharia, no exterior e,juntamente com figuras destacadas como Napoleão Level, Trajano de Carvalho e Carlos Braconnot formavam a equipe técnica da Marinha que projetava e construía, nossos navios de guerra. Diante da necessidade de desenvolver um corpo técnico, que correspondesse às exigências tecnológicas dos serviços de estaleiros, determinantes para o almejado engrandecimento da Força Naval, o então Chefe do Governo provisório da República, Marechal Deodoro da Fonseca, em 12 de abril de 1890, há exatos 130 anos, assinou o decreto presidencial n°327, aprovando a criação do Corpo de Engenheiros Navais. O Corpo, inicialmente, era composto por 26 engenheiros com patentes militares e seis oficiais-alunos, Guardas-Marinhas, oriundos da Escola Naval que se tornavam habilitados em Engenharia, após estágio prático de dois anos no Arsenal de Marinha. Desse grupo pioneiro do Corpo de Engenheiros Navais destacam-se, o Contra-Almirante (EN) João Cândido Brazil, que perdeu a vida em serviço, quando da explosão do Encouraçado Aquidabã em 1906, e o Contra-Almirante (EN) Manoel José Alves Barbosa que enquanto oficial da Fragata Amazonas, sob o comando do Almirante Barroso, teve a honra de hastear o sinal, “O Brasil espera que cada um cumpra o seu dever” e que, posteriormente, foi nomeado para ocupar o cargo de Ministro de Negócios da Marinha no período de 1896 a 1898. Ao longo de sua existência, o Corpo de Engenheiros passou por diversas modificações,sendo sua denominação atual, Corpo de Engenheiros da Marinha (CEM), decorrente da importante reestruturação dos Corpos e Quadros de Oficiais da Marinha, ocorrida em 26 de novembro de 1997 e consignada pela Lei nº 9.519 do mesmo ano. Atualmente, o CEM é composto por 1.455 oficiais, engenheiros e arquitetos que correspondem a cerca de 11% do total de Oficiais da Marinha em serviço ativo, sendo 996 oficiais de carreira e 459 oficiais temporários. Seus integrantes estão presentes em várias Organizações Militares dos diversos Setores da Marinha, destacando-se os do Material e Operativo onde desenvolvem atividades técnicas e gerenciais de projeto, construção,modernização, aquisição, reparo e manutenção dos meios navais e aeronavais; bem como no Setor de Desenvolvimento Tecnológico e Nuclear, atuando nas atividades de pesquisa e desenvolvimento, ciência, tecnologia e inovação. A busca continua pelo conhecimento, treinamento e capacitação de nossos engenheiros tem sido uma preocupação constante da Marinha do Brasil. Nesse sentido, foram implementadas,recentemente, alterações nos currículos dos cursos de carreira dos oficiais engenheiros, como por exemplo, a inclusão do módulo de “Gestão de Projetos” ministrado na forma de Ensino à Distância (EAD), no “Curso Superior para Oficiais Engenheiros” (C-Sup). Além disso, foi aprovada, pela alta administração naval, a realização de curso de Gerenciamento de Projetos de Engenharia no exterior, para aqueles oficiais que apresentem melhor desempenho durante a realização do C-Sup, evidenciando dessa forma o processo da meritocracia, o qual vem sendo o elemento basilar, dos processos de seleção e escolha de oficiais do CEM, para a realização de cursos, missões no exterior e designações para cargos de Comando e Direção. Destaco também os esforços empreendidos, pela Marinha, para a criação da Medalha “Mérito Engenharia da Marinha” aprovada, pelo decreto número 10.247, de 18 de fevereiro de 2020 do Presidente da República Jair Messias Bolsonaro. Essa medalha destinada a agraciar os militares que tenham se distinguido pela exemplar dedicação a sua profissão, exercendo atividades e cargos de Comando e Direção na área de Engenharia, vem preencher uma lacuna existente em relação aos demais corpos de oficiais da Marinha. A participação do CEM nas recentes realizações alcançadas pela MB tem sido de extrema relevância, dentre elas podemos destacar: integração do casco do segundo “S-BR”; primeira imersão estática e primeiros testes do Motor Elétrico da Propulsão e dos Diesel-Geradores do Submarino Riachuelo; obtenção da Licença Parcial de Construção do LABGENE, expedida pela Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN); fase inicial do projeto detalhado do “SN-BR” com a integração da Planta Nuclear Embarcada; conclusão da montagem e testes de comissionamento da oitava cascata de enriquecimento isotópico de urânio na Industrias Nucleares do Brasil (INB); elaboração dos relatórios e análises técnicas, referentes ao Programa de Obtenção das Fragatas Classe “Tamandaré”; inspeções, relatórios e análises técnicas para a compra por oportunidade do Navio de Socorro de Submarinos “Guillobel”; análise e elaboração de laudo técnico da integridade estrutural dos Submarinos “Timbira” e “Tapajó”; apoio técnico às Bases e Estações Navais; continuidade das atividades da construção dos Navios-Patrulha “Maracanã” e “Mangaratiba”, consolidando a retomada da construção naval no AMRJ; primeira docagem do Navio Doca Multipropósito “Bahia”; projeto e construção de duas Lanchas de Operação Ribeirinha "Excalibur"; conclusão do período de reparos do Navio Patrulha “Grauna”; retomada do projeto do Navio Patrulha de 500 t (NPa500-BR); elaboração do Relatório de Estudo de Exequibilidade dos novos Avisos de Instrução para a Escola Naval; lançamento com sucesso de três protótipos do “MANSUP”, encerrando sua fase de desenvolvimento; certificação da Oficina de Torpedos “MK-48”; conclusão da Fase “uno” do Projeto Piloto do SisGAAz,abrangendo o monitoramento da Baía de Guanabara; instalação do Centro de Integração de Sensores e Navegação Eletrônica “CISNE” na Corveta “Julio de Noronha” e no Porta-Helicópteros Multipropósito “Atlântico”; Fiscalização das obras de reconstrução da Estação Antártica Comandante Ferraz (EACF) e o projeto de implantação da nova plataforma de correio eletrônico, “ZIMBRA”, dentre vários outros feitos relevantes. A essas realizações somam-se os diversos trabalhos desenvolvidos, diuturnamente pelos oficiais do CEM no Arsenal de Marinha, na Coordenadoria-Geral do Programa de Desenvolvimento do Submarino com Propulsão Nuclear, nas bases, estações, diretorias especializadas, centros e institutos, que em profícua cooperação com militares de outros Corpos e Quadros, bem como com nossos servidores civis, contribuem sobremaneira para o cumprimento da missão institucional da nossa Força. No 130° aniversário do Corpo de Engenheiros da Marinha, congratulo-me com todos os seus integrantes, engenheiros e arquitetos que, com trabalho, dedicação, entusiasmo e apresentação de soluções técnicas e gerenciais eficazes têm contribuído, de forma inequívoca, para o desenvolvimento tecnológico e o engrandecimento da Marinha e do Brasil. Exaltemos os exemplos e o legado de nossos antepassados, em especial aqueles deixados por nosso patrono, o Contra-Almirante (EN) João Cândido Brazil, Inspetor Geral de Engenharia Naval e ilustre engenheiro naval que participou, ao longo de sua carreira, da construção de vários navios incorporados à Esquadra, dentre os quais os Cruzadores “Barroso” e “Tamandaré”, lançados ao mar em 1882 e 1890, respectivamente, sendo este último com deslocamento de cerca de 4.500 toneladas, o maior navio de guerra já construído no País até a presente data. Integrantes do CEM, valorizar a carreira naval, buscar o aperfeiçoamento profissional contínuo, dedicar-se integralmente ao serviço, cultivar o espírito de equipe, manter o senso de responsabilidade e o comprometimento institucional são os atributos que farão com que tenhamos nosso trabalho, sempre reconhecido pela instituição. Corpo de Engenheiros da Marinha, parabéns por seu 130° Aniversário! Viva a Marinha! Tudo pela Pátria!

MARIO FERREIRA BOTELHO Vice-Almirante (EN) Diretor

Parte 2:

O que é o Corpo de Engenheiros?

(extraído do site https://www.marinha.mil.br/sspm/?q=noticias/o-que-é-o-corpo-de-engenheiros)

O Corpo de Engenheiros da Marinha (CEM) gerencia e conduz as atividades de pesquisa, desenvolvimento, manutenção e projetos de meios navais, aeronavais e de fuzileiros navais e de seus equipamentos, além de realizar outras atividades específicas de cada especialidade na área de Engenharia.

Os Oficiais do Corpo de Engenheiros são admitidos em diversas áreas de atuação, tais como: Engenharia de Armamento, Engenharia Cartográfica, Engenharia Civil, Engenharia de Materiais, Engenharia de Produção, Engenharia de Sistemas de Computação, Engenharia Eletrônica, Engenharia Elétrica, Engenharia de Telecomunicações, Engenharia Mecânica, Engenharia Mecatrônica, Engenharia Naval, Engenharia Nuclear e Engenharia Química, além de Arquitetura e Urbanismo. Estas áreas estão sendo aceitas em 2018. Os Oficiais podem também ser oriundos da Escola Naval (EN) e que, por meio de seleção interna da Marinha, finalizam sua graduação na Universidade de São Paulo. Durante o Curso de Formação de Oficial, o aluno ocupa o posto de Guarda-Marinha e, ao se formar, passa a ocupar o posto de Primeiro-Tenente, recebendo rendimentos brutos inicias (em 2019) de cerca de R$ 11 mil, além de diversos benefícios, tais como alimentação, alojamento, auxílio-fardamento e assistência médico-odontológica. As inscrições ainda estão abertas e irão até o dia 16 desse mês, abril. Podem se inscrever brasileiros natos de ambos os sexos com mais de 36 anos, no 1° dia de janeiro de 2019, e que tenham concluído o ensino superior.


A carreira de engenheiros na Marinha compreende os seguintes postos: Primeiro-Tenente, Capitão-Tenente, Capitão de Corveta, Capitão de Fragata, Capitão de Mar e Guerra, Contra-Almirante e Vice-Almirante.


OI - Oficiais Intermediários



Como ingressar no Corpo de Engenheiros da Marinha? - VISITE O SITE:




Parte 3:

Resumo Biográfico do

Contra-Almirante (EN) JOÃO CÂNDIDO BRAZIL

Patrono do Corpo de Engenheiros da Marinha

(extraído do site https://www.marinha.mil.br/den/biografia, da Diretoria de Engenharia Naval Naval (DEN) da Marinha do Brasil)

O Contra-Almirante (Engenheiro Naval) JOÃO CÂNDIDO BRAZIL nasce em Angra dos Reis, no Estado do Rio de Janeiro, em 8 de março de 1848, filho de JOAQUIM RIBEIRO BRAZIL e de D. LUIZA ANGÉLICA AZEVEDO.

Ingressa na Escola Naval como Aspirante a Guarda-Marinha, em 23 de fevereiro de 1863, sendo promovido a Guarda-Marinha em 29 de novembro de 1865. Logo em seguida, é designado para embarcar na Canhoneira-Encouraçada “Barroso”. Nesse mesmo ano, segue para a campanha da Guerra do Paraguai, onde permanece durante quatro anos consecutivos, sendo um dos bravos combatentes nas ações de Curupaiti, Humaitá, Timbó, Novo Estabelecimento e Tebicuarí.

É promovido a Segundo-Tenente do Corpo da Armada em 21 de janeiro de 1867 e ao posto de Primeiro-Tenente em 12 de abril de 1868.

Em 15 de junho de 1871, parte para a Europa, com o propósito de cursar Construção Naval naquele Continente, após ter realizado as provas exigidas para tal fim, tendo sido classificado em primeiro lugar. Desembarca em Liverpool, em 27 do mesmo mês, seguindo para Londres, onde se apresenta à Legação Imperial. Na Europa, aperfeiçoa-se nos melhores estaleiros da época, dentre os quais o inglês Armstrong, em New Castle, e o francês Forges et Chantiers de la Mediterranée.

Em 1874, de volta ao Brasil, é designado em 27 de agosto do mesmo ano para a função de Diretor das Construções Navais do Arsenal de Marinha de Pernambuco. Em 29 de abril de 1875, assume a função de Diretor das Construções Navais do Arsenal de Marinha de Ladário, onde permanece até 1876, quando retorna a Pernambuco.

Ainda neste ano de 1876, aos 18 de outubro, casa-se com a senhora THEREZA GONÇALVES DA SILVA BRASIL, natural do Pernambuco, filha do Doutor GERVÁSIO GONÇALVES DA SILVA e da Senhora MARIA MICHAELA PIRES SANTIAGO DA SILVA, com quem tem os filhos Maria Luíza, João Cândido, Carlos Américo, Thereza Chistina e Luiza Emília.

D. Tereza Gonçalves da Silva Brazil


Da esquerda para a direita: João Cândido Brazil Junior, Luíza Ferreira Brazil, Carlos Américo Brazil, Cecília Ferreira Brazil e Luíza Emília Brazil, na Ilha de Paquetá, RJ

Em 15 de dezembro de 1876, é nomeado Diretor Interino das Construções Navais do Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro, sucedendo ao Engenheiro Napoleão João Baptista Level - primeiro brasileiro graduado em Engenharia Naval - o qual exercia a referida função desde 1860, período áureo de notável e contínuo progresso técnico, cujas melhorias transformam o velho Arsenal Colonial em um dos estaleiros mais avançados do país, período esse considerado como o do “Primeiro Apogeu” da construção naval no Brasil.

Em 16 de maio de 1881, é nomeado Diretor Efetivo das Construções Navais do Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro. Durante os 18 anos em que permanece nesse Arsenal, constrói, sob planos originais, 26 navios incorporados à Esquadra, entre os quais se destacam os Cruzadores “Almirante Barroso” e “Tamandaré”, lançados ao mar em 17 de abril de 1882 e em 20 de março de 1890, respectivamente, sendo que esse último, com um deslocamento de cerca de 4.500 toneladas, tornar-se-ia o maior navio de guerra construído no país, marco que permanece até os dias atuais.

É interessante destacar que o então Tenente Brazil tinha como característica pessoal sempre executar sob seus próprios punhos os desenhos necessários à execução dos navios, além das obras necessárias para tais fins, incumbindo aos desenhistas somente a tarefa de copiá-los e refazê-los, com apuro, rigorosamente em conformidade com seus traços. Releva comentar que um dos livros de notas pessoais do Almirante Brazil faz parte do acervo ora doado por sua família.

Em 1º de dezembro de 1882, é promovido ao posto de Capitão-Tenente do Corpo da Armada.

Em 29 de março de 1889, é nomeado para criar um regulamento para os Arsenais de Marinha da República, juntamente com o Inspetor e os Diretores das Oficinas de Máquinas, Torpedos, Artilharia e Obras Civis e Militares do Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro.

Em 8 de janeiro de 1890, é transferido do Corpo da Armada para o Quadro Extraordinário de Oficiais, quadro esse criado logo após a Proclamação da República, destinado a abrigar oficiais especialistas, bem como lentes e professores da Escola Naval.

Em 26 de abril de 1890, é classificado para o recém-criado Corpo de Engenheiros Navais, na especialidade de Construção Naval, e promovido a Capitão-de-Fragata Engenheiro Naval de 2ª Classe.

Em 20 janeiro de 1891, é promovido a Capitão-de-Mar-e-Guerra Engenheiro Naval de 1ª Classe, partindo, em seguida, para missão na Europa e Estados Unidos da América, com o objetivo de estudar a construção de submarinos.

Em 21de outubro de 1892, é promovido ao posto de Contra-Almirante Graduado.

Em 18 de janeiro de 1894, de volta da missão na Europa, assume o cargo de Diretor das Oficinas de Construção Naval de Marinha do Rio de Janeiro, e em 08 de novembro do mesmo ano é nomeado Membro Efetivo do Conselho Naval.

Em 6 de setembro de 1894, falece no Rio de Janeiro sua esposa, a Senhora THEREZA GONÇALVES DA SILVA BRAZIL, aos 39 anos de idade, vítima de broncopneumonia.

Em 4 de maio de 1895, é nomeado Chefe Interino do Corpo de Engenheiros Navais.

Designado como Chefe da Comissão Naval da Europa, em 7 de dezembro de 1896, cabe-lhe a fiscalização da construção dos Cruzadores "Barroso", "Almirante Abreu" e "Amazonas", dos Encouraçados "Deodoro" e "Floriano" e dos Cruzadores-Torpedeiros "Tupy", "Tymbira" e "Tamoyo", para os quais havia planejado as especificações.

Em 1897, seu filho JOÃO CÂNDIDO BRAZIL JUNIOR, nascido em 10 de abril de 1880, ingressa na Escola Naval como Aspirante a Guarda-Marinha. Após seu casamento com LUIZA FERREIRA, João Cândido Júnior lhe dará os netos Elza, Carmen, João Cândido e Maria.

CC João Cândido Brazil Junior (terceiro sentado da esquerda para a direita), Imediato da antiga Escola de Grumetes (atual CN)


Em 23 de abril de 1899, o Almirante Brazil regressa ao Rio de Janeiro, sendo, em 8 de julho do mesmo ano, nomeado Consultor Técnico do Conselho Naval.

Em 14 de novembro de 1903, passa a exercer sua última comissão, a de Inspetor Geral de Engenharia Naval, cargo equivalente ao atual Diretor de Engenharia Naval.

Em 14 de novembro de 1904, casa-se em segundas núpcias com a Senhora ERNESTINA CYBRÃO, natural do Rio de Janeiro, filha do Conselheiro ERNESTO CYBRÃO e da Senhora VITÓRIA CORA GOMENSORO CYBRÃO, com quem tem uma única filha, Sylvia.

Cabe-lhe, então, no cargo de Inspetor Geral, organizar os planos e especificações para os navios do “Programa Júlio de Noronha”, cujo projeto incluía a construção de um novo Arsenal de Marinha. É para a escolha do local da construção desse empreendimento que o Almirante Brazil parte do Rio de Janeiro, rumo à enseada de Jacuecanga, no município de Angra dos Reis, na comissão chefiada pelo então Ministro da Marinha, Almirante Júlio César de Noronha.

Em 21 de janeiro de 1906, já naquele município, a bordo do Cruzador “Barroso”, que se encontrava fundeado na Baía de Jacuecanga, parte o Almirante Brazil, mais ou menos às 21h30min, em lancha pertencente ao Cruzador, cuja patronagem está aos cuidados do Capitão-Tenente Hugo de Roure Mariz, para visitar à sua mãe, a Srª Luiza Angelica de Azevedo, com já 78 anos de idade, moradora na Fazenda da Chácara. Em noite escura e chuvosa, a lancha, apesar de cautelosamente pilotada, somente logra alcançar a Ponta da Cidade por das 22h. Em virtude do adiantado da hora, pede ao CT Mariz que regresse à Jacuecanga, haja vista que desistira da visita à sua venerada mãe, a qual já estaria recolhida, não desejando perturbá-la. O Oficial, prontamente, cumpre sua determinação quanto ao regresso. Em virtude do Imediato do Encouraçado “Aquidabã”, CT Luiz Henrique de Noronha, ter convidado o Almirante Brazil a pernoitar no mencionado Encouraçado, o patrão da lancha para lá a direciona, em vez de retornar ao “Barroso”. Menos de dez minutos após o embarque do Almirante Brazil no Encouraçado "Aquidabã", às 22h45min, o CT Mariz, o qual ainda nem havia chegado ao cruzador “Barroso”, ouve um estrondoso barulho, acompanhado de um largo clarão no mar. Era o Encouraçado “Aquidabã” que soçobrava, em decorrência de violenta explosão, levando com ele 112 homens, dentre eles o Almirante João Cândido Brazil.

D. Luíza Angélica de Azevedo


O Almirante João Cândido Brazil dedicou 42 anos, 10 meses e 28 dias de sua vida ao melhoramento dos meios flutuantes do país. Ao longo de sua carreira, foi agraciadao com inúmeras medalhas e condecorações, dentre as quais cabem ser destacadas a de Comendador da Ordem da Rosa, em 1883; a Medalha do Mérito Militar, em 1888, essa em especial por atos de bravura durante a Guerra do Paraguai; a de Oficial da Ordem do Cruzeiro, em 1890; e a Medalha Militar de Ouro, em 1901. Sua brilhante carreira serve de exemplo para todos aqueles que exercem a nobre arte da Engenharia Naval, e como estímulo à busca de aperfeiçoamento e de conhecimento tecnológico e científico.

Em 8 de julho de 2003, o Almirante Brazil foi nomeado Patrono do Corpo de Engenheiros da Marinha.

Acervo Fotográfico do CA(EN) JOÃO CÂNDIDO BRAZIL

Patrono do Corpo de Engenheiros da Marinha

Parte 4:

O naufrágio do Encouraçado Aquidabã

(extraído do site https://www.naufragiosdobrasil.com.br/naufaquidaban.htm)


Histórico:

Lançado em 14 de agosto de 1885, seu primeiro comandante foi o Capitão de Mar e Guerra Custódio José de Melo. Em 16 de abril de 1894, durante a Revolta da Armada, na barra norte de Florianópolis (Anhatumirim), foi afundado parcialmente por um torpedo lançado pelo Contra Torpedeiro Gustavo Sampaio. Posto a flutuar e parcialmente reparado, foi levado para os estaleiros Vulcan, em Stettin na Alemanha, e Elswik, em New Castle no rio Tyne na Inglaterra.

Em 1906 fazia parte da 1ª Divisão Naval, quando realizou uma viagem à Ilha Grande para "exercícios de telegrafia sem fio. Na tarde do dia 21 recebeu ordem para seguir com o Cruzador "Almirante Barroso" que transportava uma comitiva com a função, de inspecionar a Baía de Jacuacanga para a escolha do local de montagem do Arsenal de Marinha. Às 22:15, quando estava fundeado na enseada de Jacuacanga, uma tremenda explosão estremeceu o navio foi e em menos de 5 minutos. A causa da explosão nunca foi totalmente comprovada o mais provável é que tenha sido o Cordite, um explosivo instavél que também vitimou outras embarcações.

A Explosão e o rápido afundamento, causaram a morte imediata de 112 pessoas. Entre os mortos: os Contra-Almirantes Rodrigues da Rocha, Cândido Brasil e Calheiros da Graça. Após o naufrágio o local do sinistro foi marcado com bóias e logo escafandristas começaram o trabalho de resgate, retirando da água corpos deformados, roupas e utensílios. Três relógios encontrados ajudaram a estabeler a hora aproximada da explosão. O do capitão Santos Porto marcava 22h42; o do segundo tenente Enéas Cadaval, 22h45; e do Almirante Calheiros 22h47.

DADOS BÁSICOS DADOS TÉCNICOS: Nome do navio: Aquidabã Data do afundamento: 22.01.1906 LOCALIZAÇÃO Local: Angra dos Reis UF: RJ. País: Brasil Posição: Ponta da Jacuacanga. Latitude: 23° 02' 541 Sul. Longitude: 044° 15' 181 West. Profund.mínima: 15 metros Profund. máxima: 20 metros CONDIÇÕES ATUAIS: desmantelado. Nacionalidade: Brasileira Ano de Fabricação: 1885 Estaleiro: Samuda Brothers Armador:Marinha do Brasil Comprim: 80,4 metros Boca: 15,86 metros Calado: 5,48 metros Tipo de embarcação: encouraçado Material do casco: aço Propulsão:hélice Carga:18 Toneladas: material bélico. MOTIVO DO AFUNDAMENTO: explosão

Descrição do Naufrágio:

O navio está partido em diversos pequenos segmentos da proa a popa, com continuidade; o casco encontra-se ligeiramente adernado para bombordo. A proa esta totalmente adernada, nela pode ser visto no convés, o orifício do escovêm e parte do reforço de proa. Sob a estrutura da proa pode ser feita uma pequena penetração. Tanto por bombordo, como por estibordo, podemos seguindo os ferros, contornando a embarcação. Em direção a popa, encontramos um segundo agrupamento de ferros, onde está a torre cônica de uma das metralhadoras. A meia nau, encontrarmos uma boa secção de casco e a grande torre do canhão de 203 mm. O formato é de um bolo de noiva adernado para bombordo. No centro da torre do canhão uma grande abertura retangular e uma escotilha de acesso ainda com a tampa aberta. Um dos canhões ainda preso a torre e aponta para o fundo lodoso.

Side Scan Sonar do Aquidabã realizado pelo Navio Taurus do Serviço de Hidrografia e Navegação da Marinha


No centro da embarcação (parte mais rasa), estão as três grandes caldeiras (três fornalhas), uma delas, totalmente descoberta e as outras parcialmente soterrada por destroços, abaixo das caldeiras encontra-se grande quantidade de ferros, porém a água é freqüentemente turva. Das caldeiras para a popa, são encontrados estruturas metálicas que se projetam para a superfície; tratar-se do local onde ficavam as máquinas que foram retiradas nos trabalhos de resgate. Atrás dessa estrutura encontramos uma grande bacia que chega ao fundo de areia, nesse local estava o canhão de popa, que também foi retirado. Ainda pode ser visto o sistema de rotação do canhão, formado por uma grande cinta, onde estão fixadas diversas roldanas. O casco de estibordo está praticamente integro de proa a popa, nele estão presas muito redes e ele está coberto por grandes gorgônias. A popa mergulha suavemente no lodo até desaparecer.


Fotos dos destroços no fundo:

Embora os destroços do Aquidabã estejam em um local de águas freqüentemente turvas, podemos encontrar visibilidade maior do que 15 metros nos períodos de maré cheia e vento favorável. Nessas ocasiões podemos desfrutar da grande extensão dos destroços; porém, o reconhecimento das peças, como canhão, sistemas de giro, metralhadora, caldeira etc. requer experiência.

Parte 5:

A tragédia do Encouraçado Aquidabã

(extraído do site https://pt.wikipedia.org/wiki/Aquidabã_(encouraçado_de_esquadra)



A tragédia:


No dia 21 de janeiro de 1906, quando fundeado na baía de Jacuecanga, em Angra dos Reis, junto com o Cruzador Barroso e o Cruzador Tamandaré, quando faltavam poucos minutos para as 11 horas da noite, por razões até hoje desconhecidas, o Aquidabã sofreu uma violenta explosão em um paiol contendo cordite, partindo-se ao meio e vindo a afundar. Pereceram no desastre 212 homens da sua tripulação, inclusive parte da comitiva ministerial que procedia a estudos sobre o novo porto militar, o seu comandante e grande parte da oficialidade do vaso de guerra. Salvaram-se apenas noventa e oito pessoas. A pouca distância, a bordo do Cruzador Barroso, o então Ministro da Marinha, Júlio César de Noronha, assistiu à explosão do encouraçado, encontrando-se entre as vítimas, o seu próprio filho, o Guarda-Marinha Mário de Noronha e um sobrinho, o Capitão-Tenente Henrique de Noronha, além do Contra-Almirante Rodrigo José da Rocha e do Contra-Almirante João Cândido Brazil, Patrono do Corpo de Engenheiros Navais da Marinha Brasileira. A notícia da catástrofe espalhou-se imediatamente, tornando-se manchete dos principais periódicos de todo o mundo. Segundo o pesquisador da área educacional, Ivanildo Fernandes, no dia no naufrágio, foi emitida a seguinte nota de pesar,


"Expediente de 27 de janeiro de 1906, dirigida ao Presidente Rodrigues Alves, no qual estavam alunos da Academia do Commercio. Illm. Exm. Sr. Dr. Francisco de Paula Rodrigues Alves, Dignissimo Presidente da Republica. Rio de Janeiro, 27 de janeiro de 1906.— Ante o tragico episodio occorrido na enseada de Jacitecanga, os alumnos Academia de Commercio do Rio de Janeiro [atual Universidade Candido Mendes no Rio de Janeiro] (http s://web.archive.org/web/20120724225342/http://www.ucam.edu.br/institucional/apresentacao.asp) e os seus collegas da Escola Commercial da Bahia, respeitosa e profundamente consternados, veem manifestar a V. Ex. a sua solidariedade na magua que ora compunge a alma da Patria. O momento actual representa para a Republica a mais dura e commovente das provações que ella já ha soffrido. A V. Ex., como dignissimo o directo representante do povo brazileiro, de que somos obscura parcela, cabe receber a expressão da mais sentida condolencia pelo infortúnio que experimentamos. Affeitos e confiados no animo torto de V. Ex., tão sobejamente provado, estamos certos do que a angustia por que passa neste momento a vida nacional, produzirá, longo de desanimo, a vontade de prosseguir no louvável e extraordinario resurgimento observado no governo de V. Ex. Digne-se, pois, permittir V. Ex. que reiteremos os nossos pezames sentidos pela horrorosa, catastrophe que privou o Brazil de um pugilo do tão distinctos e devotados servidores. A nossa dor é, como a de todo o Brazil, inteira, intensa, eterna e inexprimivel. Muito respeitosamente. — A Commissão. Alvaro de Mello.—Julio de Abreu Gomes.—Percilio de Carvalho. Fonte: DOU de 01 de fevereiro de 1906, fls 637.


Repercussão:


Após este acidente, a Marinha criou um setor responsável pela identificação dos tripulantes, pois diversos corpos encontrados não puderam ser reconhecidos à época. Poucos meses após o naufrágio, a tragédia foi tema da Missa de Requiem do compositor francês Fernand Jouteux (1866-1956)e da obra musical O Batel da Dor, para dois pianos, última obra do autor mineiro Francisco Magalhães do Valle (1869-1906). Atualmente os destroços repousam a uma profundidade entre 8 e 18 metros de profundidade, ao largo do monumento em homenagem às vítimas da tragédia, inaugurado em 1913 na Ponta do Pasto. A visibilidade para mergulho no local dificilmente ultrapassa os dois metros de profundidade, podendo chegar até cinco metros em dias excepcionais. Deve-se tomar cuidado em função dos vergalhões expostos.



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